IA POLÍTICA: NOVAS PROVAS DE QUE CHATBOTS MUDAM O VOTO DOS ELEITORES

Publicado por: Redação
07/12/2025 20:55:00
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Estudos revelam que chatbots de IA podem alterar opiniões políticas de forma silenciosa e duradoura.
Estudos revelam que chatbots de IA podem alterar opiniões políticas de forma silenciosa e duradoura.

Evidências internacionais mostram que conversas com modelos de IA influenciam atitudes políticas mais do que campanhas tradicionais — e nem sempre com informações precisas.

 

A influência política exercida por sistemas de inteligência artificial deixou de ser hipótese para se tornar evidência científica. Dois estudos publicados recentemente nas revistas Nature e Science demonstram que grandes modelos de linguagem são capazes de alterar a opinião dos eleitores — e esse efeito se mantém por semanas.

 

Os pesquisadores analisaram mais de 20 modelos, incluindo versões do ChatGPT, Grok, DeepSeek e Llama, e descobriram que diálogos aparentemente neutros podem mover a simpatia dos participantes em direção ao candidato defendido pelo bot. Nos Estados Unidos, mais de 2 mil adultos foram convidados a avaliar sua preferência entre Kamala Harris e Donald Trump. Após uma breve conversa com um chatbot programado para apoiar um dos candidatos, suas posições mudaram alguns pontos percentuais — um impacto considerado superior ao de anúncios ou vídeos de campanha convencionais. Um mês depois, parte desse efeito ainda persistia.

 

E essa tendência não se limitou aos EUA: resultados semelhantes foram observados entre voluntários no Canadá e na Polônia, e até com participantes que discutiram temas como a legalização de psicodélicos em Massachusetts.

 

Contudo, a precisão das informações fornecidas pelos modelos se mostrou um fator crucial. Bots com argumentação baseada em fatos foram mais persuasivos; por outro lado, quando os modelos não tinham dados sólidos, recorriam a afirmações imprecisas — com destaque para erros mais frequentes em modelos configurados para defender candidatos de direita, segundo os autores. Pessoas com menor conhecimento político foram as mais vulneráveis.

 

Um segundo estudo, publicado na Science, investigou o design dos chatbots e concluiu que a chave da persuasão está menos no tamanho do modelo e mais na forma como ele é treinado para apresentar evidências. Quanto mais dados factuais o bot conseguia trazer, mais convincente se tornava. O problema surge quando faltam fatos: sem base, o modelo tende a completar lacunas com informações inventadas.

 

Para especialistas independentes, como Ethan Porter, da Universidade George Washington, essas descobertas marcam um avanço importante na compreensão da relação entre IA e democracia. Segundo ele, a pesquisa demonstra que fatos continuam sendo elementos centrais para persuadir — mesmo quando contradizem crenças prévias. Já a filósofa Adina Roskis ressalta um ponto de alerta: a população está cada vez mais exposta a mensagens que soam factuais, mesmo quando não são.

 

NOSSA OPINIÃO 

A consolidação de evidências científicas sobre a capacidade da IA de influenciar votos marca um divisor de águas no debate público. A discussão deixou de ser especulação futurista e se tornou um desafio real para democracias no mundo inteiro. Se fatos verdadeiros são mais persuasivos, como mostram os estudos, o caminho mais seguro é exigir transparência total sobre como esses modelos são treinados e usados durante períodos eleitorais. A verdadeira ameaça não é a IA em si, mas seu uso opaco e sem mecanismos de auditoria. Ignorar esse cenário significa entregar parte da formação da opinião pública a sistemas que ainda podem inventar dados — e isso, sim, representa risco para qualquer sociedade que valorize processos eleitorais limpos.

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